quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sorveteiro no Parque

Por: Nando Bolognesi  - > Via: Blog "O Ponto de Vista de um Palhaço" >


Enquanto isso, num parque de uma pacata cidade do interior, um homem se aproxima de um carrinho de sorvete:

-Bom dia, eu queria um sorvete, por favor.

O sorveteiro permanece imóvel. O freguês insiste.

- Desculpe, eu queria um sorvete, o senhor não me ouviu?

Finalmente o sorveteiro responde:

-Ouvi perfeitamente. Você disse que queria um sorvete, mas não sei se você ainda quer.

- É claro que eu quero. Você pode me dar um sorvete, por favor.

- Sinto muito, não posso te dar nenhum sorvete, estou trabalhando, eu vendo sorvetes.

O freguês se impacienta:

- Está bem, então eu quero comprar um sorvete.

O sorveteiro permanece imóvel. O freguês grita:

- Eu quero comprar um sorvete.

O sorveteiro responde impassível.

- Está bem.

- O senhor não vai me dar o sorvete.

- Já disse que eu não dou sorvetes, eu vendo.

- Está bem criatura! Olhe eu vou te dar o dinheiro.

O freguês é muito didático ao pegar o dinheiro e colocá-lo na mão do sorveteiro.

- Olhe estou te dando o dinheiro, agora me dê o sorvete.

O sorveteiro guarda o dinheiro no bolso, mas não entrega o sorvete.

- Você não vai me entregar o sorvete?

- Não.

- Mas já te dei a grana.

- Muito obrigado.

- Obrigado nada, eu te dei a grana e agora você me dá o sorvete, é assim que funciona.

- Negativo, já disse que não dou nada, eu vendo. Você quis me dar o seu dinheiro e eu aceitei, mas eu não vou te dar a única coisa que tenho prá vender.

- Olha meu amigo, eu disse que estava te dando o dinheiro, mas eu estava comprando o sorvete.

- O senhor foi muito claro: disse que estava me dando o dinheiro. Eu aceitei.

- Meu Deus! Eu só queria tomar um sorvete...

- Queria? Não quer mais?

- Claro que eu quero! Olha vou te dar o dinheiro para o pagamento do sorvete, mas só te entrego quando você me der o sorvete. Vamos fazer assim: eu seguro o dinheiro com essa mão e você me dá o sorvete com a outra, a gente entrega o dinheiro e o sorvete simultaneamente, está certo?

- O senhor está duvidando de mim? Ora francamente, isso é ridículo. Sou um trabalhador meu amigo, não sou um marginal. Não é por que o senhor tem dinheiro que pode sair ofendendo as pessoas.

- O senhor é louco? Ah, vá passear! Vá circular.

- Está bem.

O sorveteiro sai empurrando o carrinho de sorvetes e o freguês fica parado, atônito.

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