terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vai um sorvete aí?

Por Rose Mary Lopes - Colunista do UOL

Nada combina mais com calor do que bebidas geladas. Ou alimentos gelados. Além das cervejas, refrigerantes, sucos, águas, incluindo as de coco, estão eles, os sorvetes. E, parece que temos cada vez mais variedades e novidades neste flanco gelado do verão, para diferentes profundidades de bolso.

Desde o simples sacolé, artesanal, feito a base de um suco de fruta acondicionado em saquinhos de plástico e congelados, nominado diferentemente nas diversas regiões do país: geladinho, chupe-chupe, sacolete, picolé-de-saco, entre outros. Um dos nomes --dim-dim-- lembra que é um produto de fácil venda permitindo faturar um dinheirinho para complementar a renda.

Os sorvetes têm formas variadas. A raspadinha, que nada mais é do que raspa de gelo à qual se adiciona xarope de frutas, é muito simples e garantiu o ganha-pão de muitos ambulantes neste país. Já não é tão comum encontrá-la, mas esta forma tem sua origem ligada à história do sorvete.

Teriam sido os chineses os primeiros a adicionar frutas à neve, e esta forma de sorvete teria sido copiada pelos árabes que inovaram ao elaborar caldas que adicionadas à neve ganharam a denominação de sharbet. Daqui já se percebe de onde vem o nome sorbet dos sorvetes a base de água. E também porque em inglês eles se chamam ice-cream!

Já foi iguaria servida em banquetes de imperadores e desfrutado pelas cortes romanas e na Grécia e os convivas saboreavam saladas e frutas com neve. Imaginem como seria para obter a neve e mantê-la para ter este deleite!

Indica-se que Marco Polo trouxe técnicas de preparo do sorvete do Oriente para a Itália, e por meio dos casamento e ligações entre as cortes italiana e francesa chegou à França. Demorou pouco mais de um século para que o primeiro empreendedor adicionasse os sorbets ao cardápio de seu café em Paris. Seu nome: Francisco Procópio.

Até chegar-se à produção em escala industrial foi necessário que o sorvete fosse disseminado da Europa para os Estados Unidos. E a humanidade tornou-se tão fã dos sorvetes, em todas as suas formas – artesanal, industrial, à base de iogurte, sorbet, dos sorvetes especiais (premium) – que, no ano de 2012, foram 13,7 bilhões de litros, representando quase 60 bilhões de dólares.

Mesmo se prevendo uma diminuição do ritmo mundial de crescimento da produção e consumo de sorvetes - estimativa de 3,8% para o período 2012-2017 (Global Ice Cream report) – há que considerar as especificidades dos mercados regionais e nacionais ecujo examine deve considerar fatores econômicos, sociais e culturais.

Os campeões em produção de sorvetes seriam os EUA, entretanto no consumo os americanos se posicionam em segundo lugar, perdendo para os neozelandeses – estes consomem a média anual per capita de quase 29 litros, ao passo que os americanos ficam com modestos 21 litros!. Seguem-se a Austrália, Finlândia, Suécia, Canadá, Dinamarca. Este último já estaria no patamar de 10 litros.

No Brasil, a sua primeira aparição foi nos idos de 1834, quando dois comerciantes teriam importado 200 toneladas de gelo de Boston para o Rio de Janeiro. O curioso é que, sem ter como manter o sorvete gelado, os clientes tinham que ser avisados da hora de fabricação para acorrerem à loja para desfrutar dos prazeres gelados.

O hábito de consumir sorvetes em nosso país tem a seu desfavor a associação com guloseima e sobremesa, e também a restrição aos dias de calor e sol. Em outros países, como os citados anteriormente, essa associação não vigora, caso contrário, o mercado de sorvetes seria nanico! Outro ponto é a percepção de que o sorvete como um alimento contribui para seu maior consumo.

Mesmo estando abaixo dos países que mais os consomem, nosso consumo em 2013 alcançou 6,2 litros anuais, evoluindo de 3,8 litros em 2003.

Em 2013, nossa produção atingiu 885 milhões de litros de sorvete de massa, 244 milhões de litros de picolés e 118 milhões de litros de soft (feitos com bases em pó e comumente preparados nas máquinas expressas), segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvete – ABIS.

Nosso mercado incorporou ao longo das últimas décadas muitas novidades: introdução de marcas premium nacionais e estrangeiras como La Basque, Häagen-Dazs, Ben & Jerry's, Abuela de Goye, os sorvetes a base de iogurte – comum e grego, os paletos mexicanos etc.

Afora o crescimento de sorveterias artesanais percebe-se o fortalecimento de marcas com produção industrial como Jundiá, Rochinha e Frutos do Brasil, havendo diversas ofertas de franquias e até de distribuição Há muita experimentação em novos sabores e até de experiências, oferecendo-se a mistura e manipulação de sorvetes em pedras super geladas.

Assim, o mercado parece ainda aceitar empreendedores que queiram trabalhar com este delicioso e gelado produto. Empreendedor, vai uma sorveteria aí?

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